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O envolvimento dos pais na prática desportiva dos filhos

Ser um jovem atleta pode ser uma experiência extremamente gratificante, capaz de promover um desenvolvimento saudável física e psicologicamente; no entanto, no reverso da medalha, pode ser uma experiência emocionalmente exigente e potencialmente geradora de pressão.

Assim, a qualidade do contexto onde o atleta se encontra inserido, é vista como um factor determinante, de tal forma que os ambientes que suportam e promovem a autonomia dos atletas afectam positivamente a sua motivação e bem- estar (Stenling et all., 2015).

Um dos determinantes da qualidade do contexto onde os jovens atletas se inserem tem a ver com a família. O envolvimento dos pais e restante família na prática desportiva dos jovens, nomeadamente a dinâmica inerente a este envolvimento e qual o seu efeito, é um tema que tem despertado a atenção de quem se dedica a estudar estas matérias.

Centremo-nos nos pais; dos estudos que têm sido feitos, a principal conclusão a retirar é que o desenvolvimento das capacidades dum atleta se encontra associado com as dinâmicas familiares que o rodeiam (Gomes, 2010).

Como é sabido, os pais representam o principal veículo de promoção das práticas desportivas dos jovens, sendo este um importante canal de comunicação entre pais e filhos (Smith & Dorsch, 2015). Os pais encontram-se assim numa posição de influência sobre os filhos, podendo motivá-los, valorizá-los, instruí-los ou criticá-los.

Os jovens habitualmente envolvem-se na prática desportiva para se divertirem, para experimentar coisas novas, para estar com amigos, para fazer novos amigos, para fazer alguma coisa em que se sintam bem e valorizados, ou para aprenderem ou aperfeiçoarem determinadas habilidades físicas ou psicológicas.

Em alguns casos, no entanto, é frequente os pais terem a sua própria agenda. Nestes casos os pais parecem ter motivações próprias, tentando induzir os seus filhos a praticar um determinado desporto ou a atingirem determinados níveis de performance. É neste contexto que muitas vezes surge a «pressão parental».

Existem no entanto alguns princípios básicos que os pais deverão ter em conta quando decidem apoiar a participação dos seus filhos numa actividade desportiva. Desta forma, é desejável que os pais:

  • Procurem proporcionar oportunidades desportivas aos seus filhos.
  • Se sintam felizes com a participação dos filhos no desporto, mas não façam depender essa felicidade dos resultados ou da performance do filho.
  • Valorizem uma prática desportiva baseada na satisfação pessoal e no divertimento.
  • Não esperem que os filhos atinjam os objectivos que eles próprios não foram capazes de atingir.
  • Participem nas actividades do clube, mas de forma moderada, tentando não interferir com as directrizes do clube e dos treinadores.
  • Sejam um modelo de comportamento desportivo e social para os seus filhos.
  • Deixem o treino para os treinadores.
  • Comuniquem com os treinadores, de forma a obter informações acerca dos objectivos e do desenvolvimento dos seus filhos.
  • Orientem os filhos sem os pressionar.
  • Ajudem os filhos a estabelecer objectivos desportivos realistas e consistentes.
  • Mostrem interesse pela participação dos filhos no desporto.
  • Reforcem o esforço e a progressão e não os resultados obtidos.
  • Percebam que por vezes, os atletas mais jovens precisam de fazer pausas na competição.
  • Reforcem a aquisição de competências de vida, tais como a disciplina e o esforço.
  • Se dêem conta que a sua atitude e comportamentos influenciam a performance dos filhos.
  • Eduquem e incentivem os seus filhos a praticar desporto segundo as regras.
  • Sejam capazes de encorajar os filhos regularmente.
  • Sejam promotores de autonomia e responsabilidade.
  • Ensinem os seus filhos que a única coisa que podem controlar é o seu próprio esforço.

É por isso desejável que os pais tenham uma atitude positiva, promotora da aprendizagem de competências para a vida.

Rolando Andrade

Psicólogo

Cédula profissional O.P.P 4365